sábado, 12 de março de 2011

Carnaval do Rio de Janeiro – 2011


O Samba é o meu gênero musical predileto, não há nenhum outro que se possa comparar; e samba-enredo é a minha paixão, daí fica fácil imaginar a minha relação com o Carnaval – momento em que paro qualquer atividade pra me envolver completamente com a movimentação das Escolas de Samba. E sinceramente, nesse ano a festa deu o que falar... ou pelo menos o que pensar, repensar, refletir...
O resultado...
Eu duvidava, mas durante a apuração percebi que as afirmações de que esse Carnaval seria da Beija-flor não eram infundadas. Parece que a homenagem a Roberto Carlos fez com que – mais do que a Escola e seus componentes - todos se sentissem na obrigação (principalmente os jurados) de fazê-la campeã. Afinal, o Rei não pode ser o segundo em nada, quanto mais terceiro, quarto... e pra isso capricharam nas notas 10!!!
O Festival!!!
Há algum tempo, meu amigo Edynel me alertou para um fato interessante: esse tal “Festival” que abunda nos sambas da Mocidade Independente de Padre Miguel. É só dar uma olhada nas grandes obras oriundas de Padre Miguel e fica fácil comprovar essa afirmação.
Acontece que 2011 foi o ano do FESTIVAL DE BOBAGENS! Pra não dizer coisa pior, muita gente fez e muita gente falou bobagem; o abuso foi geral...
Primeira – LIESA
A decisão de não avaliar as três escolas atingidas pelo incêndio na Cidade do Samba foi a primeira e talvez a mais estrondosa bobagem desse Carnaval. Só fez mostrar a todos que a condução do Carnaval não é mais coisa pra amadores. Explico:
A Grande Rio perdeu tudo e veio com bem mais do que garra, veio com um Carnaval bonito e se não o suficiente pra disputar com as demais, o bastante pra mostrar o seu poderio financeiro, capaz de refazer o seu trabalho em pouco mais de 20 dias: IMPRESSIONANTE!
A União da Ilha perdeu um carro e cerca de duas mil fantasias. Pra mim e para muitos (inclusive para os jurados do Estandarte de Ouro) foi a melhor escola. Se fosse avaliada, só não ganharia do Casal 20! Isso é óbvio!
Ah! Minha Portela... esse verso de Paulinho da Viola e consequentemente de todos os portelenses deve estar sendo entoado sem a carga emotiva do samba, mas com muita preocupação, pois a menos prejudicada pelo incêndio na Cidade do Samba foi também a mais beneficiada pela decisão da Liesa de não avaliá-la. Fez um desfile apagado, plasticamente pobre, cromaticamente questionável e com um samba que dificilmente será lembrado nos próximos dias, fica fácil imaginar o que poderia ter acontecido se a Portela estivesse competindo com as demais...
A bobagem da Liesa foi que essa decisão revelou o tratamento desigual que é dado às suas afiliadas, e os interesses escusos em jogo... quem é do ramo deve estar com a mesma sensação!
Laíla
Esse cara entende muito de Carnaval, mas tem muito pouco apreço pelo trabalho alheio, se é que presta atenção ao que os outros fazem. Parece que só a sua escola faz o autêntico Carnaval. Nesse ano afirmou que briga pela “escola de samba” e não por “espetáculo”, se referindo claramente à Unidos da Tijuca. Interessante que o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro é conhecido como o maior Espetáculo da Terra! Falou bobagem.
Mangueira
Como mangueirense poderia descrever um rosário de “bobagens” realizadas pela minha escola, pois acompanho (ainda que à distância) o seu dia-a-dia. Mas muitas delas seriam “bobagens” apenas na minha opinião de torcedor. Cito apenas aquela que podemos classificar de IMPERDOÁVEL: Nelson Sargento não desfilou!
Não há explicação para tal fato e essa ausência no carro dos baluartes - se notada - poderia ser usada como justificativa para uma nota bem baixa: Enredo em homenagem a Nelson Cavaquinho sem a presença de Nelson Sargento é como se numa homenagem a Pelé não estivesse presente Coutinho ou Zito, Pepe... não tem desculpa, podia faltar até o presidente!
Jurados
Já vi muitos desfiles equilibrados e também muitos onde uma escola deixava claro ao entrar na avenida que levaria o título. 2011 foi um ano atípico, pois a Grande Rio que sempre disputa ficou de fora, a União da Ilha mostrou que vinha pra ganhar mas também não entrou na disputa, daí, a coisa ficou mais concentrada e os jurados puderam ser até mais criteriosos em sua avaliação, porém, esse rigor não se estendeu à “deusa da passarela” e ficou no ar a impressão de que só ela sabe fazer carnaval. Foi um festival de notas 10 pra ela e o rigor máximo para as demais.
Hoje não se imagina a “compra” de resultados, mas quando se cria o clima favorável para que determinadas coisas aconteçam, elas acontecem. A “deusa” homenageia o “rei” e cola a sua imagem à dele nos meses que antecedem os desfiles, uma grande marca utiliza uma música de “sua majestade” em ritmo de samba no canal que transmite o Carnaval e que coincidentemente é a única onde o “rei” se apresenta. A carreira brilhante de “sua alteza” não poderia ser manchada com uma colocação inferior justamente nos seus 50 anos de carreira. Talvez eu esteja vendo coisas... sei lá...
Pinduca
Luiz D’Anunciação, mais conhecido como Pinduca é o homem que deu uma nota 9 pra bateria da Mangueira. Foi um Festival!